quarta-feira, março 15, 2006

JÁ QUE NINGUÉM ME PERGUNTOU MESMO....

Eu nunca odiei os Rolling Stones. Ódio é algo próximo demais do amor. Como sei que nunca amei os Stones, isso tira minha dúvida: ódio? Não, jamais.
Mas na ausência do ódio, sobra espaço pra o desprezo. Ouvi, já vão uns anos, alguns discos deles na integra. Sei que eram mais de cinco e menos de dez. Alguns dos anos 60, outros dos anos 80. Achei todos chatos. Aí fui ler as letras. Tá, tem alguns bons momentos (Sympathy For The Devil, Paint It Black, Satisfaction). Mas também tem uma enxurrada de metáforas sexuais simplórias e crônicas sobre o nada que estragam o quadro geral.
Quando vi um show deles em vídeo, piorou! Cinqüentões rebolando? Calças de couro? Lenços enrolados na cintura e na testa? Lembro dum superdemônio do mal nos gibis da Liga da Justiça que em certa ocasião descreveu os super-heróis como “drag queens da lei”. Os Stones reciclaram (mal) esse conceito no rock. São considerados provocadores nesse desbunde, mas provavelmente só estavam imitando, com menos espontaneidade, os New York Dolls. Falando em primórdios do punk, outra coisa: as caras e bocas do John Lydon têm alguma coisa de inspiradoras e irreverentes, e as caras e bocas do Mick Jagger são algo entre o patético e o risível.
John diz: “Ever got the feeling you´re being cheated?”. Mick retruca, mentindo: “I can´t get no Sati$faction”. Ambos ficam devendo uma nesguinha que seja de seus verdadeiros interiores. Mas pelo menos Lydon assume o que é. E nos avisa aos brados. Se mesmo assim queremos ser ovelhas, não é culpa dele.