domingo, fevereiro 25, 2007

QUANTO LHE DEVO? – 26/08/2006

Lembro de uma crônica do Luis Fernando Veríssimo chamada “Diálogo Norte-Sul” em que o Norte era um homem com trajes de executivo e mentalidade de gigolô, enquanto que o Sul era uma moça “pobre, porém honrada”, mas já de saco cheio da própria virtude, que não a deixava ter a mesma prosperidade de seu amigo Norte.
Ela pede um cigarro, ele dá e acende. E ela pergunta, cantando a melodia de “Guantanamera”: “Cuan-to-le-devo? – Pa-ri-pa-Cuan-to-le-devo?”. Claro que no final ela cede ao executivo-canalha e dá pra ele. Não é esse meu ponto. De tempos em tempos, o versinho do cuanto-le-devo toca na minha cabeça, porque será?
Tenho vontade de samplear o instrumental da Guantanamera e fazer uma letra bem ‘social e engajada’, tipo:
Quanto lhe devo?
Qual é a nota primeira?
Quanto lhe devo
Por essa vida inteira?
Eu tenho tudo que quero
E não consigo parar
Eu produzi homens livres
Para fazer salsicha em lata
Eu só me sinto seguro
Num pedestal numa praça
Já me chamaram de tudo
Eu sou o ouro e sou a cachaça
Quanto lhe devo?

Melhor deixar pra lá. Vai que agrada e depois tenho que manter o nível. Não teria como suprir a demanda.