segunda-feira, fevereiro 06, 2006

TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO FUTEBOL CLUBE

Uma pessoa pode dizer “prometo só transar depois do casamento” e se manter fiel a esses dois absurdos, que são:
1. ignorar COMPLETAMENTE a própria libido, sendo que a obediência a esta deve ser balanceada;
2. ainda valorizar, em pleno 2006, a instituição MATRIMÔNIO, quando me parece que o correto seria amar alguém e, se quiserem, juntar os trapos. Casamento à moda antiga, me desculpem, é só uma desculpa pra poder se produzir e tirar fotos pra vitrine da vida. E eu odeio shoppings.
(Em tempo: essa lógica se aplica, a meu ver, a relacionamentos hetero e homossexuais).
Mas não se deve perder a capacidade de apreciar o valor de uma cantada – desculpem, um galanteio – decente.
Fui lembrado recentemente que existem mulheres que cercam seu tesão com um arame farpado que só pode ser cortado com um facão de inteligência. Um parente meu me colocou isso nestes termos: “São aquelas mulheres que dão pra ti por causa do teu olhar, não por causa dos teus glúteos ou bíceps. E são essas que acabam conseguindo fazer de nós maridos relativamente fiéis”. Quando olhei estranho pra ele por causa do advérbio, ele lembrou Einstein: tudo é relativo.
Enfim. Mulheres que gostam de cortejo. Há que saber respeitá-las e destrinchá-las. Se tu tens (e eu tenho) apreço pelo drama humano, sabes do que falo. Fazer a corte é dialogar tecendo teias. Entremear intenções de modo que sejam visíveis, mas não aparentes. Pra quem vê de fora, parece uma cena do Woody Alllen, - que faz teatro filmado. Mas os dois envolvidos, cortejador e cortejada, estão fazendo mais que isso. E porque não cortejadora e cortejado? Esqueça os gêneros, importante é a dinâmica da coisa.
Só não é legal pular com imenso ímpeto no papel de cortejar por não saber lidar com o bombardeio. Saber receber elogios de alguém específico é sintoma da nossa aceitação da imagem que aquela pessoa faz de nós. Uma imagem necessariamente mais realista do que nós podemos ver, caso a pessoa se preste a observar pelo tempo necessário, traçando nossas neuroses e como as solucionamos. Eu adoro saber que agradei alguém depois desse tempo, porque a criatura já percebeu que eu presido uma torcida organizada do TOC F. C. e continua gostando de mim.
“Quando estou com alguém, eu não traio. E se trair eu conto” – disse um amigo meu que considero extremamente sábio. Apesar disso, ou POR CAUSA disso, ele comete cagadas relativas a relacionamento na mesma freqüência e intensidade que qualquer um(a) de nós.